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INICIAL DO NOME:

ALUÍSIO PALHANO PEDREIRA FERREIRA

OCORRÊNCIA

Desaparecido em 9 de maio de 1971, em São Paulo, SP.

DADOS PESSOAIS
Filiação: Henise Palhano Pedreira Ferreira e João Alves Pedreira Ferreira.
Data e local de nascimento: 5 de setembro de 1922, Pirajuí, SP.
Profissão: Advogado
Atuação política: Vanguarda Popular Revolucionária (VPR)
Data e local da morte/desaparecimento: Desaparecido em 9 de maio de 1971, em São Paulo, SP.
Organização política: Ação Libertadora Nacional (ALN).

Arquivos

RELATO DO CASO

Aluísio Palhano Pedreira Ferreira nasceu a 5 de setembro de 1922, na cidade de Pirajuí, no interior de São Paulo. Em 1947 casou-se com Leda Pimenta, com que teve dois filhos, Márcia e Honésio. Seu pai era fazendeiro; Aluísio estudou no Colégio Mackenzie (São Paulo – SP); após o falecimento de seu pai teve que ir viver com a avó materna, em Niterói (RJ), quando passou a estudar no Colégio Salesiano (Niterói – RJ), sendo que no mesmo período trabalhou como bilheteiro no Cine Royal, de propriedade de sua avó, para ajudar no sustento da família; foi terminar o que hoje é o atual Ensino Médio no Colégio Plínio Leite (Niterói – RJ); formou-se advogado pela Faculdade de Direito da UFF (Universidade Federal Fluminense), em larga medida pelo seu envolvimento nas lutas sociais e sindicais. Aos 21 anos de idade passou em concurso público para o Banco do Brasil, tornando-se bancário e na mesma época começou atividade sindical. Muito combativo e atuante, foi duas vezes presidente do Sindicato dos Bancários, saindo da presidência quando foi eleito presidente da Contec (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Crédito). Com o golpe de 1964, foi cassado pelo AI-1, portanto ainda em abril foi demitido do BB e seus direitos políticos igualmente cassados. Tentou articular alguma resistência ao golpe, e em junho do mesmo ano asilou-se na embaixada do México, onde ficou até o final do ano. Em seguida partiu para Cuba. Lá trabalhou na colheita de cana e na Rádio Havana. Em 1966, foi eleito representante do movimento sindical do Brasil na OLAS (Organização Latino americana de Solidariedade), organização fundada em 1966, em Cuba, para prestar solidariedade aos povos da América Latina. Em 1969 presidiu o Congresso da OLAS, em Havana, Cuba. No final de 1970, retornou clandestinamente ao Brasil como militante da VPR.

Pouco mais de cinco meses após o seu retorno ao Brasil, desapareceu no dia 9 de maio de 1971. Sobre isso é muito provável que tenha sido entregue pelo agente infiltrado cabo Anselmo, posto que o mesmo era um dos contatos de Palhano no Brasil. Apesar do volume de testemunhos e documentos, apresentados a seguir, os órgãos de segurança até hoje não reconhecem a prisão, tortura, morte e desaparecimento de Aluísio Palhano: Em 23 de outubro de 1975, presos políticos denunciaram a prisão e morte de Palhano, através da “Carta ao Presidente do Conselho Federal da OAB” (“Bagulhão”: a voz dos presos políticos contra os torturadores. Comissão da Verdade do Estado de São Paulo. São Paulo, S/E, 2014, p. 45). O preso político Altino Rodrigues Dantas Jr., no dia 1º de agosto de 1978, enviou carta ao General Rodrigo Octávio Jordão Ramos (anexo 003-denuncia-Altino-Dantas.pdf), então ministro do STM (Superior Tribunal Militar), em que testemunha haver estado preso com Palhano. Segue transcrito parte do depoimento, uma vez que a contundência vale ressaltar:

“Na época comandava o DOI-CODI o Major Carlos Alberto Brilhante Ustra (que usava o codinome de ‘Tibiriçá’), sendo subcomandante o Major Dalmo José Cyrillo (‘Major Hermenegildo’ ou ‘Garcia’). Por volta do dia 16 de maio, Aluízio Palhano chegou àquele organismo do II Exército, recambiado do Cenimar do Rio de Janeiro (...) Na noite do dia 20 para 21 daquele mês de maio, por volta das 23 horas, ouvi quando o retiraram da cela contígua à minha e o conduziram para a sala de torturas, que era separada da cela forte, onde me encontrava, por um pequeno corredor. Podia, assim, ouvir os gritos do torturado. A sessão de tortura se prolongou até a alta madrugada do dia 21, provavelmente 2 ou 4 horas da manhã, momento em que se fez silêncio.

Alguns minutos após, fui conduzido a essa mesma sala de torturas, que estava suja de sangue mais que de costume. Perante vários torturadores, particularmente excitados naquele dia, ouvi de um deles, conhecido pelo codinome de ‘JC’ (cujo verdadeiro nome é Dirceu Gravina), a seguinte afirmação:’Acabamos de matar o seu amigo, agora é a sua vez’. (...) Entre outros, se encontravam presentes naquele momento os seguintes agentes: ’Dr. José’ (oficial do Exército, chefe da equipe); ‘Jacó’ (integrante da equipe, cabo da Aeronáutica); Maurício José de Freitas (‘Lunga’ ou ‘Lungaretti’, integrante dos quadros da Polícia Federal), além do já citado Dirceu Gravina ‘JC’, e outros sobre os quais não tenho referências.”

Nelson Rodrigues Filho, ex-preso político, igualmente denunciou que esteve preso no DOI-CODI/RJ com Aluísio Palhano.

Inês Etienne Romeu, ex-presa política e sobrevivente da Casa da Morte, denunciou em seu relatório sobre este centro de torturas do CIE, localizado em Petrópolis no Rio de Janeiro, que Palhano foi levado para lá no dia 13 de maio de 1971. Segundo ela, “Mariano Joaquim da Silva o viu pessoalmente naquele centro clandestino, quando presenciou sua chegada e narrou o seu estado físico deplorável. Mariano também se tornou um desaparecido político naquele período. Inês declarou ainda ter ouvido a voz de Aluísio várias vezes, quando este foi interrogado na Casa da Morte” (Dossiê Ditadura: Mortos e Desaparecidos Políticos no Brasil – 1964-1985. São Paulo, IEVE/Imprensa Oficial, 2009, pp. 251-252).

O Ministério Público Federal impetrou ação criminal contra Carlos Alberto Brilhante Ustra e Dirceu Gravina, que encontra-se no Tribunal Regional Federal (SP), cujo número dos autos é 0004204.32.2012.4036181, aguardando julgamento de recurso do MPF. Em depoimento à Comissão da Verdade do Estado de São Paulo “Rubens Paiva”, em 25 de fevereiro de 2013, o procurador da República Sérgio Suiama, um dos proponentes da denúncia juntamente com outros sete procuradores, ao relatar fontes e dados levantados pelo MPF corroborou as informações acima descritas, acrescentando que documentos dos arquivos públicos tanto do estado de São Paulo quanto federais comprovam que os órgãos de repressão monitoravam as atividades de Palhano desde 1964 até 1970. O MPF também ouviu a ex-presa política Lenira Machado, presa em 13 de maio de 1970, em São Paulo, e levada ao DOI-CODI/SP, que declarou ter tido a impressão de haver visto Palhano no DOI-CODI/SP três dias após sua prisão. Lenira Machado, na folha 517 dos autos acima citados, disse também ter a impressão de que foi a equipe de Dirceu Gravina que torturou Palhano. Altino Dantas Jr. também depôs nesta ação do MPF, informando que viu Palhano em três ocasiões no DOI-CODI/SP, na segunda delas Altino diz ter ouvido Palhano ser torturado, uma vez que sua cela era ao lado da sala de tortura, logo depois o capitão Ítalo Rolim permitiu que o declarante se juntasse a Aluísio para que se ajudassem mutuamente a se banhar, uma vez que ambos estavam muito feridos. Nessa ocasião Palhano contou a Altino que havia sido levado para Petrópolis de depois trazido de volta.

Os depoimentos de Lenira Machado, Inês Etienne Romeu e Altino Dantas Jr. coincidem quanto a locais e datas, bem como outras informações. Ou seja, são consistentes e não se contradizem. Assim, para o MPF esses relatos e os documentos coletados comprovam o que chamam de materialidade do crime, qual seja, sequestro, tortura, maus tratos, morte e desaparecimento forçado.

O nome de Aluísio Palhano Pedreira Ferreira consta da lista de desaparecidos políticos no anexo I, da Lei 9.140/95, e seu caso na CEMDP tem o n. 217/96.

Fontes investigadas/consultadas:

Conclusões da CEMDP; Dossiê Ditadura – Mortos e Desaparecidos Políticos no Brasil – 1964-1985, IEVE. Contribuição da Comissão da Verdade do Estado de São Paulo: 9ª audiência pública sobre o caso de Aluísio Palhano Pedreira Ferreira, realizada no dia 25 de fevereiro de 2013; “Bagulhão” A Voz dos Presos Políticos contra os Torturadores, São Paulo, Comissão da Verdade do Estado de São Paulo “Rubens Paiva”, s. e., 2014.

IDENTIFICAÇÃO DOS AUTORES DA MORTE\DESAPARECIMENTO

Órgão / Período

Nome

Função

conduta

Vivo/data do óbito

Observações

DOI-CODI II Exército - SP

CARLOS ALBERTO BRILHANTE USTRA

Comandante

Tortura, assassinato e

desaparecimento

Vivo

O então Major Carlos Alberto Brilhante Ustra comandou o DOI-Codi/SP de 1970-1974.

 

 Ver ação do MPF no TRF/SP de n. 0004204.32.2012.4036181

 

Ver Dossiê Ditadura, pp. 251-252.

 

Segunda entrevista do Coronel ao Zero Hora em 23/03/2014 “Quando morria uma pessoa, você não podia chamar a perícia e isolar a área, porque eles andavam com cobertura, vinham e metralhavam a gente. Então, acabou o tiroteio, tinha morto? Levava para o DOI. Estava doente, ferido? Levava para o hospital. No DOI, o corpo ficava ali num lugar deitado, guardado. Eram pequenas as nossas instalações. E esse Marival dizia que eu botava os corpos em exposição. Onde é que eu ia botar? Deixava no pátio esperando chegar o rabecão”.

DOI-CODI II Exército -SP

Dalmo José Cyrillo (‘Major Hermenegildo’ ou ‘Garcia’)

Major do Exército

Tortura, assassinato e desaparecimento

Morto

Depoimento de Altino Dantas Jr., consultado no Dossiê Ditadura, pp. Ver Dossiê Ditadura, pp. 251-252; e “Carta a um General”, anexo 003-denuncia-Altino-Dantas.pdf

DOI-CODI II Exército -SP

Dirceu Gravina (“JC”)

Agente da Polícia Civil a serviço do DOI-CODI - SP

Tortura, assassinato e ocultação de cadáver

Vivo

Ver em 003-denuncia-Altino-Dantas.pdf

 

Ver Dossiê Ditadura, pp. 251-252

 

Ver ação do MPF no TRF/SP de n. 0004204.32.2012.4036181

 

Ver “Bagulhão” A Voz dos Presos Políticos contra os Torturadores. São Paulo, Comissão da Verdade de São Paulo “Rubens Paiva”, s.e.

DOI-CODI II Exército -SP

“Jacó”

Cabo da Aeronáutica

Tortura, assassinato e ocultação de cadáver

????

Ver anexo 003-denuncia-Altino-Dantas.pdf

 

Ver Dossiê Ditadura, pp. 251-252

DOI-CODI II Exército -SP

“Dr. José”

Nome verdadeiro: Carlos Victor  Mondaine Maia

(“Bagulhão”, p.25)

Oficial do Exército

Médico Psiquiatra do HGE

Tortura, assassinato e ocultação de cadáver

vivo

Ver anexo 003-denuncia-Altino-Dantas.pdf

 

Ver Dossiê Ditadura, pp. 251-252

DOI-CODI II Exército -SP

Maurício José de Freitas (“Lunga” ou “Lungaretti”)

Polícia Federal

Tortura, assassinato e ocultação de cadáver

????

Ver anexo 003-denuncia-Altino-Dantas.pdf

 

Ver Dossiê Ditadura, pp. 251-252

DOI-CODI II Exército - SP

Italo Rolim

Capitão do Exército

Tortura, assassinato e ocultação de cadáver

????

Ver “Bagulhão”, p. 20.

 

 

 

 

 

 

DOCUMENTOS CONSULTADOS

Identificação do documento

Órgão da repressão

Observações

Anexo

Fotos de Aluísio Palhano vivo

 

 

Anexo 002-foto-vivo.pdf

Denúncia de Altino Dantas Jr.

 

 

Anexo 003-denuncia-Altino-Dantas.pdf

Ficha de Aluísio Palhano no DOPS – SP

DOPS-SP

 

Anexo 004-ficha-Dops.pdf

Relatório do DOPS-SP sobre Aluísio Palhano

DOPS-SP

 

Anexo 005-relatorio-dops.pdf

 

Certificado de entrega do Departamento da Polícia Civil do Estado do Paraná de documentos do DOPS referentes a Aluísio Palhano, solicitados pela Comissão Especial de Investigação das Ossadas encontradas no Cemitério de Perus, São Paulo, SP.

 

 

Anexo 006-certif-entrega-docs-CEIPerus.pdf

Relatório do Serviço Secreto (sic) do DOPS – SP sobre Aluísio Palhano

DOPS-SP

 

007-relatorio-dops-2.pdf

Certidão de Casamento de Aluísio Palhano

 

 

012-dossie-CEMDP.pdf

Documentos MPF

 

 

001-doc-MPF.pdf

Certificado de requisição de documentos ao arquivo do Paraná

 

 

008-cert-requerim-arquivo-PR.pdf

Cópias de jornal do vereador Altino Dantas

 

 

009-jornal-Altino-Dantas.pdf

Matéria do jornal Tribuna

 

 

010-materia-Tribuna.pdf

Fotos Aluisio Vivo

 

 

011-fotos-vivo2.pdf

Dossiê para CEMDP

 

 

012-dossie-CEMDP.pdf

Relatório Dops

 

 

013-relatorio-Dops.pdf

Documentos com dados ante-mortem

 

 

014-dados-ante-mortem.pdf

Matéria jornal Nacional de Campinas

 

 

015-materia-Nacional-Campinas.pdf

Convite de ato na Câmara Municipal de SP

 

 

016-ato-camara.pdf

Panfleto sobre ato na Câmara

 

 

017-homenagem.pdf

Relatório Preliminar de Pesquisa sobre a Casa da Morte de Petrópolis. Comissão Nacional da Verdade (março 2014).

 

“A Casa da Morte foi uma estrutura criada pelo Centro de Informações do Exército (CIE), no início do ano de 1971,para atender a uma nova estratégia de intensificação do combate às organizações armadas de esquerda pela ditadura. Nessa nova etapa, o aparelho repressivo passou a contar com bases secretas e equipes especializadas

na execução de uma política de extermínio e desaparecimento forçado das principais lideranças das organizações em luta aberta contra o regime ditatorial” (p. 5) e “Nesses casos, é possível comprovar, com base em testemunhos e documentos, o translado de prisioneiros entre os DOIs do I Exército, no Rio de Janeiro, do II Exército, em São Paulo e do IV Exército, em Recife, para o centro clandestino do CIE localizado em Petrópolis, no Estado do Rio de Janeiro. Dessa forma, o CIE na qualidade de órgão do gabinete do Ministro do Exército com atuação em todo território nacional – sua sede, em 1971, ainda se encontrava no Rio de Janeiro –disponibilizava equipes e recursos para desenvolver operações de abrangência nacional, em coordenação direta com os comandantes dos DOIs de distintas jurisdições militares” (p. 12) .

 

2. Prova pericial e documental (inclusive fotos e vídeos) sobre a morte/desaparecimento

Documento

Fonte

Observação

Anexo

 

 

 

 

 

 

 

3. Testemunhos sobre a prisão, morte/desaparecimento

 

 

Nome

Relação com o morto / desaparecido

Informação

Fonte

Altino Dantas Jr.

Esteve preso no DOI-CODI-SP no mesmo período que Aluísio Palhano, além de já conhecê-lo antes de estarem presos.

Testemunha ter visto Palhano por três vezes no DOI-CODI-SP, tendo conversado com ele numa das vezes. Ouviu Palhano sendo torturado e o viu bastante ferido.

Panfleto com a transcrição da denúncia encaminhada ao STM citado no Dossiê Ditadura, pp. 251-252

 

9ª audiência pública sobre o caso de Aluísio Palhano Pedreira Ferreira da Comissão da Verdade do Estado de São Paulo “Rubens Paiva”, realizada no dia 25 de fevereiro de 2013

 

Ação do MPF no TRF/SP de n. 0004204.32.2012.4036181

 

 

Lenira Machado

Foi presa pelo DOI-CODI/SP no dia 13 de maio de 1970.

Declarou ter tido a impressão de haver visto Palhano naquele órgão.

Dossiê Ditadura, pp. 251-252

 

9ª audiência pública sobre o caso de Aluísio Palhano Pedreira Ferreira da Comissão da Verdade do Estado de São Paulo “Rubens Paiva”, realizada no dia 25 de fevereiro de 2013

 

Ação do MPF no TRF/SP de n. 0004204.32.2012.4036181

Inês Etienne Romeu

Sobrevivente do sítio clandestino em Petrópolis, Casa da Morte.

Inês, em seu relatório de prisão feito à OAB-RJ, em 05/09/1979, afirma que Palhano foi levado para lá no dia 13 de maio de 1971 e pôde ouvir diversas vezes a voz de Palhano enquanto ele era torturado e interrogado. Inês também diz que Mariano Joaquim da Silva, desaparecido político que foi sequestrado junto a ela, viu Palhano na Casa da Morte, cujo estado físico era deplorável.

Dossiê Ditadura, pp. 251-252

 

 

9ª audiência pública sobre o caso de Aluísio Palhano Pedreira Ferreira da Comissão da Verdade do Estado de São Paulo “Rubens Paiva”, realizada no dia 25 de fevereiro de 2013

 

Ação do MPF no TRF/SP de n. 0004204.32.2012.4036181

Nelson Rodrigues Filho

Ex-preso político no DOI-CODI/RJ.

Declarou ter visto Palhano preso no DOI/CODI-RJ.

Dossiê Ditadura, pp. 251-252

Fonte:

Informações constam no livro “Memórias de uma Guerra Suja” p.60-62.

4. Depoimento de agentes da repressão sobre a morte/desaparecimento

 

Nome

Órgão / Função

Informação

Fonte com referências

Claudio Guerra

Delegado de Polícia – DOPS/ES

“A Casa da Morte - como era conhecida – funcionava na rua Arthur Barbosa, no alto de um morro localizado no bairro de Cachambu. Esse aparelho recebeu presos estratégicos. [...] Eu não entrava na Casa da Morte. Quando chegava a coisa já estava arrumada: os corpos me eram entregues e eu saía. [...] A casa de tortura era esta (diz Guerra apontando a foto de uma casa publicada na revista Época como a Casa da Morte), mas o local onde os corpos eram enterrados não é aqui, pelo menos foi o que me disse o coronel [Freddie] Perdigão, e sim um cemitério clandestino também na estrada para Petrópolis, na serra, próximo a um balneário. Se eu for até lá, provavelmente identifico. [...] É uma estrada que vai do Rio de Janeiro, descendo, e aí começa a subir, numa curva, onde tem uma casa com jeito de um sítio antigo; é esta a casa. [...] A Casa da Morte era um aparelho de tortura, enquanto essa outra era um cemitério clandestino. Temos, então, segundo [Freddie] Perdigão, duas casas da morte”.

GUERRA, Claudio. Memórias de uma Guerra Suja. Rio de Janeiro, Topbooks, p.60-62.

OBS: Em anexo cópias de alguns dos documentos reunidos pela Comissão de Familiares dos Mortos e Desaparecidos Políticos e Comissão da Verdade do Estado de São Paulo “Rubens Paiva”

CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES PARA O CASO

Conclusão: Aluísio Palhano Pedreira Ferreira é considerado desaparecido político, por não ter sido entregue os restos mortais aos seus familiares, não permitindo o seu sepultamento até os dias de hoje. Conforme o exposto no parágrafo 103 da Sentença da Corte Interamericana no Caso Gomes Lund e outros: “adicionalmente, no Direito Internacional, a jurisprudência deste Tribunal foi precursora da consolidação de uma perspectiva abrangente da gravidade e do caráter continuado ou permanente da figura do desaparecimento forçado de pessoas, na qual o ato de desaparecimento e sua execução se iniciam com a privação da liberdade da pessoa e a subseqüente falta de informação sobre seu destino, e permanece enquanto não se conheça o paradeiro da pessoa desaparecida e se determine com certeza sua identidade (...)”.

No parágrafo 110 do mesmo documento é mencionado que: “(...) pode-se concluir que os atos que constituem o desaparecimento forçado têm caráter permanente e que suas conseqüências acarretam uma pluriofensividade aos direitos das pessoas reconhecidos na Convenção Americana, enquanto não se conheça o paradeiro da vítima ou se encontrem seus restos, motivo pelo qual os Estados têm o dever correlato de investigar e, eventualmente, punir os responsáveis, conforme as obrigações decorrentes da Convenção Americana”.  (Sentença da Corte Interamericana, p. 38 e 41, publicação da Comissão Estadual da Verdade de São Paulo). Outrossim, Palhano foi ainda sequestrado e torturado na Casa da Morte (Petrópolis/RJ) e no DOI-CODI/SP por agentes do Estado.

Recomendações: Retificação do Atestado de Óbito; Apuração das responsabilidades do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra e demais agentes públicos citados; ensejar buscas para encontrar o corpo de Aluísio Palhano; que o Estado o declare anistiado político.

 

 

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