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TOMO I

Tomo I

A perseguição ao
Movimento Estudantil Paulista
Policiais prendem os estudantes que participavam do 30º Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE) em Ibiúna (SP), em 1968, durante a ditadura militar

Entre 1964 e 1968 o governo militar combinou medidas repressivas às organizações estudantis com medidas de reformas nas estruturas universitárias

Esta página é um resumo. faça o download do capítulo completo Os estudantes tiveram uma grande importância na luta contra o regime militar: foram às ruas, fizeram passeatas, lutaram pela reforma universitária, participaram da resistência contra o regime militar, seja integrando organizações de luta armada ou militando de outras maneiras.

Muitas organizações de lutas armadas possuíam um grande número de estudantes entre os seus integrantes, e, desta maneira, eles foram um grupo muito atingido pela repressão, sendo que dos 436 mortos e desaparecidos políticos levantados pela Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos 125 eram estudantes.

É necessário recuperar a história do movimento estudantil, a participação na luta contra o regime militar. É necessário também apurar todas as mortes e desaparecimentos políticos que atingiram a estudantes, responsabilizando os agentes estatais e demais envolvidos.

Os estudantes organizados tiveram um papel político de luta fundamental contra a ditadura militar. Foram às ruas protestar, participar de passeatas, integraram movimentos de luta armada, distribuíram panfletos, lutaram, enfim, contra o sistema repressivo vigente naquele momento. A participação dos estudantes foi expressiva, sendo que eles constituem uma grande parte dos mortos ou desaparecidos políticos brasileiros. Segundo estudo feito pela Comissão da Verdade do Estado de São Paulo “Rubens Paiva” das 436 pessoas que constam no Dossiê dos Mortos e Desaparecidos Políticos, elaborado pela Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos, 125 eram estudantes. Desde o primeiro momento com a implantação da ditadura militar, o movimento estudantil foi perseguido.

Sede da União Nacional dos Estudantes (UNE) é metralhada e incendiada no Rio de Janeiro - a entidade é posta na ilegalidade já no primeiro dia do regime militar Maria Paula Araujo afirma que no dia 31 de março de 1964 a direção da UNE e os membros do Centro Popular de Cultura (CPC) decidiram ficar de vigília na sede da UNE. A certa altura da noite a sede da UNE foi metralhada e a direção da UNE entrou em contato com o Comando da Aeronáutica do Rio de Janeiro que enviou soldados para defender o prédio. Ferreira Gullar conta que esse grupo que estava em vigília decidiu se revezar: uma parte iria para casa dormir e outra ficaria na sede da UNE, sendo que um grupo de cerca de trinta pessoas permaneceu no local. Mas felizmente esse grupo não estava mais no local quando a sede foi incendiada e depredada por grupos direitistas.

Com a instauração do regime militar a primeira providência foi a destruição do prédio da UNE e a colocação da entidade na ilegalidade, afirma Maria Aparecida Aquino. A destruição do prédio da UNE ocorreu já no dia 01 de abril, quando militantes do Comando de Caça aos Comunistas (CCC) queimaram o prédio localizado na Praia do Flamengo, no 132.

No dia 1o de abril dois estudantes são mortos por soldados do Exército em Recife; em Belo Horizonte o DCE e a UNE são fechados e muitos estudantes são presos; no Rio de Janeiro soldados da polícia entram em choque com estudantes nas proximidades da Faculdade Nacional de Direito, causando sete feridos e um morto; em Brasília uma passeata é dissolvida por tropas do Exército.

Presidente da UNE em 1973, Honestino era estudante de geologia e um dos militantes mais visados do regime militar. Foi preso, perseguido várias vezes e, quando foi sequestrado, tinha uma filha de 3 anos, Juliana.

Gráficos Dos Estudantes Perseguidos Pela Ditadura A Comissão Estadual da Verdade de São Paulo ficou responsável pela elaboração dos perfis dos mortos e desaparecidos políticos de São Paulo, sendo o critério de definição dessa competência aqueles que nasceram ou morreram/desapareceram no Estado de São Paulo, o que resultou no número de 167 casos.

Analisando-se o número de mortos ou desaparecidos políticos paulistas foi constatado que cinquenta e três eram estudantes.

É necessário recuperar a história do movimento estudantil, a participação na luta contra o regime militar. É necessário também apurar todas as mortes e desaparecimentos políticos que atingiram a estudantes, responsabilizando os agentes estatais e demais envolvidos.

O ano de 1968 ficou marcado na história mundial como um momento de grande contestação da política e dos costumes. O radicalismo jovem é bem lembrado no lema "é proibido proibir". No mesmo período, o regime militar baixa o Ato Institucional nº 5 e intensifica ações mais rigorosas contra a oposição
Linha do tempo da descomemoração dos 50 anos do golpe militar no Brasil - Fonte: UNE

Recomendações

1

Recomenda-se a criação de Memoriais (ou outro elemento simbólico análogo) em memória das vítimas da ditadura e em homenagem aos que a combateram nas universidades - nas instituições de ensino

2

Valorização da memória das graves violações de direitos humanos praticadas contra os estudantes e contra o movimento estudantil, com iniciativas como: incentivo a publicação de livros, criação de memoriais, discussões em universidades e faculdades

3

Introdução nas escolas e universidades nos currículos que tratem das violações aos direitos humanos praticadas durante o período da ditadura militar, com o fim de conscientizar da importância da não-repetição desses fatos

4

Incentivar pesquisas universitárias sobre propostas para a educação que o movimento estudantil tinha na época da ditadura

5

Reconhecimento dos diplomas dos brasileiros que estudaram nos países socialistas (para entidades conselhos e universidades)

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Veja Também:

Arquivos levantados pela Comissão da Verdade


Fichas de
mortos e
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