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INICIAL DO NOME:

IARA IAVELBERG

OCORRÊNCIA

Morta em Salvador no dia 20 de agosto de 1971

DADOS PESSOAIS
Filiação: David Iavelberg e Eva Iavelberg
Data e local de nascimento: 7 de maio de 1944, em São Paulo (SP)
Profissão: Psicóloga e professora universitária
Atuação política: Militante do Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8)
Data e local da morte/desaparecimento: Morta em Salvador no dia 20 de agosto de 1971
Organização política: Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8).

Arquivos

RELATO DO CASO

Nasceu em 7 de maio de 1944, em São Paulo (SP), filha de David Iavelberg e Eva Iavelberg. Morta em 20 de agosto de 1971. Militante do Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8). Psicóloga e professora universitária, integrou a Política Operária (Polop), a Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares) e a Vanguarda Popular revolucionária (VPR), tendo ingressado no MR-8 em abril de 1971. Nascida em uma família judia do bairro do Ipiranga, em São Paulo, Iara sempre se interessou por áreas da vida cultural. Estudou na Escola Israelita do Cambuci e casou-se com 16 anos. Ingressou no curso de Psicologia da FFCL da USP, em 1963, e atuou no movimento estudantil. Em 1968, trabalhava como professora-assistente na mesma faculdade. Sua vida foi retratada em livro por Judith L. Patarra e, parcialmente, no filme dirigido por Sérgio Rezende sobre Carlos Lamarca, baseado em livro de Emiliano José e Oldack Miranda. Nesses trabalhos, a versão oficial de suicídio divulgada pelos órgãos de segurança foi aceita como verdadeira. As circunstâncias em que morreu são cercadas de dúvidas. (Dossiê Ditadura, p. 269)

 

A versão policial sobre o fato foi contestada, por causa das contradições existentes entre as versões apresentadas, e os indícios mais fortes que indicam a intenção de falsear a causa de sua morte foram a divulgação do “suicídio” um mês depois do falecimento de Iara em escassas linhas, com o anúncio das mortes de Carlos Lamarca e de José Campos Barreto e o desaparecimento dos documentos relativos ao fato. Iara teria morrido em um apartamento, no bairro de Pituba, em Salvador (BA), cercado pelos órgãos de segurança. Na ocasião, entre outros militantes, foi presa Nilda Carvalho Cunha, de 17 anos, que morreu devido às torturas sofridas ao sair da prisão, em 14 de  novembro do mesmo ano. Há mais de uma versão para a morte de Iara. Uma delas afirma que Iara teria se matado após rápido tiroteio com policiais do DOI-CODI/RJ, deslocados para Salvador para prendê-la. Consta que Iara teria se refugiado no banheiro de um apartamento vizinho ao seu na tentativa de escapar à perseguição dos policiais, ocasião em que teria sido localizada, tendo se matado com um tiro na cabeça. Esta é a versão oficial, conforme nota divulgada na época pelos órgãos de segurança. Em outra versão, presente no parecer favorável ao deferimento do caso na CEMDP, Suzana K. Lisbôa afirma que há indícios de que Iara teria sido executada no próprio local do cerco policial.

 

Esta informação foi dada em depoimento prestado à CEMDP pelo jornalista Bernardino Furtado, em 23 de setembro de 1997, no gabinete do então secretário de Justiça do Estado de São Paulo, Belisário dos Santos Jr., no qual afirmou: “[…] quando entrevistou o dr. Lamartine [Lima] visando obter informações sobre o laudo cadavérico de Lamarca; nessa ocasião o médico lhe relatou o seguinte: o sargento Rubem Otero em consulta médica, em estado grave de saúde, confidenciou-lhe que […] participou do cerco ao apartamento de Iara Iavelberg; que quando já se encontravam dentro do apartamento, sem que tivessem encontrado qualquer pessoa, perceberam que a porta de um dos cômodos se encontrava fechada; o sargento teria disparado uma rajada de metralhadora contra essa porta, não tendo havido qualquer reação dentro do referido cômodo, o sargento chutou a porta e ali encontrou uma mulher agonizando […]. O depoente ouviu de Leônia Cunha, irmã de Lúcia Bernardete Cunha, que era hospedeira de Iara naquela época, a seguinte informação: a senhora Evandir Rocha, conhecida por Vanda, zeladora do edifício naquela época, relatou a Leônia que ouviu Iara gritar que se entregava às forças da repressão, tendo em seguida ouvido os tiros”.

 

Ouvido pela relatora, o contra-almirante Lamartine Lima declarou que Rubem Otero não lhe confessara ter atirado em ninguém, e dissera apenas que disparara sua arma. A proprietária do apartamento 202, Shirlei Freitas Silveira, também foi ouvida pela CEMDP, pois oito dias após a morte de Iara esteve no local para verificar o estado do apartamento, e afirmou que havia outros três tiros no banheiro onde Iara supostamente teria se suicidado com um único tiro. Ivan Pugliese, uma das pessoas que prestou depoimento à CEMDP no caso Iara, declarou: “Quando saía para o trabalho, ouvi os tiros que mataram Iara. Atiro desde os 12 anos e reconheço estampido de armas. Eram armas diferentes, de cano curto. Provavelmente uma pistola automática e um revólver”. A certidão de óbito, firmada por Charles Pitex, informa que Iara foi sepultada por sua família no Cemitério Israelita de São Paulo. O caso de Iara foi apresentado inicialmente em 2 de dezembro de 1997, na CEMDP, com voto favorável da relatora, Suzana Keniger Lisbôa, mas gerou pedido de vistas do general Oswaldo Pereira Gomes. Ao ser colocado em votação em 5 de maio de 1998, com voto do general pelo indeferimento, foi incluído pela relatora um “Adendo ao Voto” inicial, contendo parecer criminalístico elaborado pelo perito Celso Nenevê. (Dossiê Ditadura, p. 270)

 

Perseguida por todo o país, Iara era considerada uma das principais pistas dos órgãos de segurança para localizar Lamarca, o guerrilheiro mais procurado naquele momento. Assim, sua morte foi encoberta pelo segredo. Nos relatórios elaborados pelas Forças Armadas e encaminhados ao ministro da Justiça em 1993, há divergências nas versões apresentadas. Enquanto o da Marinha afirma “[…] foi morta em Salvador (BA), em ação de segurança”, o da Aeronáutica, asseverou que “[…] se suicidou em Salvador (BA) em 06/08/1971, no interior de uma residência, quando esta foi cercada pela polícia”. O Exército mencionou sua morte no relatório oficial da chamada Operação Pajussara: “No dia 19/08/1971 foi montada uma operação pelo CODI/6 para estourar este aparelho, o que ocorreu ao amanhecer do dia 20, resultando na prisão de Jaileno Sampaio Filho, ‘Raimundo’, ‘Orlando’, e de Nilda Carvalho Cunha, ‘Adriana’. Iara Iavelberg, a fim de evitar sua prisão, ocultou-se em um banheiro do apartamento vizinho;

sentindo-se cercada e sofrendo a ação dos gases lacrimogêneos, suicidou-se”. (Anexo 001-relatorio-operacao-pajussara.pdf)

 

No texto relatório da Operação Pajussara, organizada para eliminar Lamarca, ao seu final, deixa em dúvida o ocorrido ao transcrever o suposto diálogo mantido entre o então major Nilton Albuquerque Cerqueira, que comandava as operações, e o capitão Lamarca: “O Comandante do DOI travou o seguinte diálogo com o terrorista abatido, que reconhecera como sendo Carlos Lamarca: – Você é Lamarca? Nenhuma resposta foi obtida; retirando então do seu bolso o retrato e fazendo a comparação, repetiu a pergunta, obtendo como resposta: – Sim, sou Lamarca. – Como é o nome de sua amante? – Iara, respondeu. – Sabe o que aconteceu com ela? – Suicidou-se, não é? – Morreu. Onde está sua família?” (Anexo 001-relatorio-operacao-pajussara.pdf)

 

O laudo necroscópico de Iara não foi encontrado no IML Nina Rodrigues, da Bahia, e não há sequer o registro de entrada do corpo. A Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos buscou exaustivamente os documentos relativos à morte de Iara. Nilmário Miranda esteve pessoalmente em Salvador e colheu vários depoimentos. Em diversos contatos telefônicos com o diretor do IML em 1971, Lamartine Lima, foi informado de que havia duas vias do laudo de Iara, uma entregue à PF, e outra enviada ao comando da 6ª Região Militar. Em 1997, o diretor do IML afirmou em ofício para a CEMDP que o órgão não dispunha de cópia e que o laudo original fora entregue à PF, enviando à Comissão Especial cópia dos rascunhos, feitos por Charles Pitex por ocasião da necropsia. Pitex não poupou detalhes ao emitir o laudo. Chegou a descrever o tipo de hímen de Iara e com minúcias as roupas que ela usava – “calça de algodão de cor preta, com fecho éclair na parte ântero-superior e suéter de mangas compridas na cor marrom-escura, sendo a marca ilegível”. Em nenhum momento, porém, incluiu informações precisas capazes de esclarecer se Iara se suicidou ou foi assassinada. Não fez qualquer referência quanto ao tipo, à descrição e localização dos ferimentos. Apenas citou a lesão característica de disparo a curta distância, na região mamária esquerda e a saída próxima à região lombar. Na descrição detalhada das vestes, não mencionou os vestígios que caracterizariam o disparo, nem tampouco manchas de sangue.

 

Tanto em seu rascunho quanto no atestado de óbito, o legista colocou uma interrogação ao lado da versão de suicídio. A atuação de Pitex, porém, foi noticiada com destaque pelo jornal O Globo, da época, mas sem data, onde se lê: “O médico legista Charles Pitex [sic] está orgulhoso de seu trabalho: embalsamou os corpos de Iara Iavelberg e de Carlos Lamarca […]”. Outras notas da imprensa também foram analisadas. O Jornal do Brasil, de 20 de setembro de 1971, e o Jornal da Tarde, do dia seguinte, divulgaram a versão de suicídio apresentada pela polícia. O empenho para a obtenção de documentos relativos à sua morte resultou na entrega de documentos e álbum com fotos dos corpos de Iara e de Carlos Lamarca, por parte da Polícia Federal, ao então ministro da Justiça Nelson Jobim. Foram ainda acrescentados muitos depoimentos de testemunhas, mas nenhum esclareceu de forma conclusiva o caso. Restam sem esclarecimento importantes perguntas: por que não foi realizada a perícia de local apresentando fotos da arma utilizada no suposto suicídio, nem exames papiloscópicos para comprová-lo? Por que limparam o banheiro onde ela teria se matado antes de tirar as fotos do local? Por que não recolheram o projétil que deveria estar no interior do banheiro? Na CEMDP, o primeiro requerimento foi indeferido, em 5 de maio de 1998, com votos favoráveis ao deferimento da relatora Suzana Keniger Lisbôa, de Miguel Reale Jr. e de Nilmário Miranda. O segundo (071/02), tendo também como relatora Suzana Keniger Lisbôa, foi aprovado por unanimidade, quando a lei passou a aceitar os casos de suicídio e de mortos em tiroteio, em 1º de dezembro de 2004. Iara foi homenageada com a Medalha Chico Mendes de Resistência pelo GTNM/RJ, em 1º de abril de 1996.

 

Com base na versão policial de que Iara se suicidara, sua família não conseguiu enterrá-la com honras no Cemitério Israelita de São Paulo, sendo enterrada na ala reservada aos suicidas. Assim, em 1998, sua família iniciou uma ação judicial contestando a versão policial, julgada procedente em novembro de 2002. Os restos mortais de Iara foram exumados do Cemitério Israelita em 23 de setembro de 2003. Os resultados da perícia foram entregues em 16 de maio de 2005, quando o perito alegou não ter ficado comprovado o suicídio. Finalmente, em 11 de junho de 2006, com cerimônia oficiada pelo rabino Henry Sobel, os restos mortais de Iara foram sepultados na quadra 396 - setor R - sepultura 48, do Cemitério Israelita do Butantã, em São Paulo, fora do setor dos suicidas.

 

A Comissão da Verdade do Estado de São Paulo fez a 16ª audiência pública sobre o caso Iara Iavelberg no dia 4 de março de 2013, na semana ‘Verdade e Gênero’, devido ao mês de março ser dedicado às mulheres, as mulheres mortas, desaparecidas e sobreviventes da ditadura militar. O evento contou com a participação de: Samuel Iavelberg (irmão); Mariana Pamplona (sobrinha); Flávio Frederico (diretor de cinema); Daniel Muñoz (médico) e Luiz Eduardo Grenhalgh (advogado da família de Iara). Os depoimentos revelaram que entidades judaicas fizeram um verdadeiro cerco ao Judiciário na tentativa de impedir a exumação, argumentando que o Estado brasileiro, laico, não poderia interferir em questões religiosas, conforme explicou Grenhalgh, ressaltando que o caso é “extremamente interessante juridicamente, e deveria ser estudado pelas futuras gerações”. Em 2003, finalmente o corpo foi exumado, e a perícia do médico Daniel Romero Muñoz comprovou que Iara foi assassinada. “A descrição do laudo necroscópico oficial não é compatível com suicídio”, disse Muñoz, professor da Faculdade de Medicina da USP, responsável pela necropsia dos restos mortais de Iara, exumados em 2003. Durante a audiência, Munõz fez uma detalhada exposição dos exames que comprovam que o suicídio não é possível. Sobre essa comprovação e um recorte sobre a vida de Iara, Mariana Pamplona e Flávio Frederico lançaram o filme “Em busca de Iara”. (Anexo 002-transcricao-audiencia-iara.pdf)

 

 

 

Fontes investigadas:

 

Conclusões da CEMDP; Dossiê Ditadura – Mortos e Desaparecidos Políticos no Brasil – 1964-1985, IEVE. Contribuição da Comissão da Verdade do Estado de São Paulo: 16ª audiência pública sobre o caso de Iara Iavelberg, realizada no dia 4 de março de 2013.

 

 

IDENTIFICAÇÃO DOS AUTORES DA MORTE\DESAPARECIMENTO

Órgão / Período

Nome

Função

conduta

Vivo/data do óbito

Observações

IML-BA

CHARLES PITEX

Médico-legista

Falsificação de laudo e omissão de informações

 

Responsável pelo Atestado de Óbito e rascunhos sobre detalhes do corpo de Iara mas ao lado da palavra “suicídio” deixou apenas uma interrogação, tendo tido a oportunidade de ampla examinar para verificar a causa mortis e no entanto manteve a versão oficial.

FUZILEIROS NAVAIS-BA

RUBEM OTERO

Sargento do Corpo de Fuzileiros Navais

Morte

 

Um dos encarregados, à época, de “estourar” o apartamento onde Iara Iavelberg vivia, disparou a metralhadora e encontrou uma mulher agonizando.

POLÍCIA FEDERAL-BA

LUIZ ARTUR DE CARVALHO

Coronel

Prisão

 

 

SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA DA BAHIA

JOALBO FIGUEIREDO

Secretário de Segurança

Ajudou a comandar a operação que matou Iara

 

 

EXÉRCITO

NILTON CERQUEIRA

Major, na época, hoje, general.

Comandante da Operação Pajussara

vivo

 

DOCUMENTOS CONSULTADOS

  1. Documentação principal

 

 

Identificação do documento

Órgão da repressão

Observações

Anexo

Relatório da Operação Pajussara

 

Contém a versão falsa da morte de Iara, afirmando que ela cometeu suicídio.

001-relatorio-operacao-pajussara.pdf

Transcrição da audiência pública da Comissão da Verdade do Estado de São Paulo “Rubens Paiva”

 

 

002-transcricao-audiencia-iara.pdf

Requerimento para Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos

 

 

003-iara-requerimento-comissao.pdf

Entrevista com a jornalista Judith Patarra, autora do livro: Iara: reportagem biográfica

 

 

004-entrevista-judith-veja.pdf

Ficha do DOPS

DOPS-SP

Trata da participação de Iara nas organizações políticas, o relacionamento com Carlos Lamarca e adiciona informações até 1978, período em que Iara já estava morta.

005-iara-ficha-dops.pdf

Dossiê enviado para a Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos

 

 

007-iara-processo-lei9140.pdf

Ofício enviado a Miguel Reale Jr. No dia 26/3/1996

 

 

(p. 3) 007-iara-processo-lei9140.pdf

Reportagens

 

Reportagens diversas sobre a perseguição a Iara.

(PP. 35-40) 007-iara-processo-lei9140.pdf

Ofício do IML-BA

IML-BA

Ofício responde à solicitação da Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos e diz que não localizaram o Laudo do Exame Cadavérico de Iara.

(p. 45) 007-iara-processo-lei9140.pdf

Certidão de Óbito

 

Causa da morte: anemia aguda; hemorragia interna e externa; transfixação do coração e pulmão esquerdo por projétil de arma; Morte Violenta (suicídio?)

(p. 34) 007-iara-processo-lei9140.pdf

Declaração da jornalista Mariluce Moura

 

Mariluce entrevistou dona Vanda que afirmara que Iara gritou que se entregaria.

(p. 64) 007-iara-processo-lei9140.pdf

Voto de Suzana Lisboa, relatora do caso na Comissão Especial dos Mortos e Desaparecidos

 

 

(pp. 65-79) 007-iara-processo-lei9140.pdf

Ofício do advogado Luiz Eduardo Greenhalgh com procuração de Samuel Iavelberg

 

Ofício enviado à CEMDP em 19 de março de 1998 informando que se faz necessário a exumação do corpo de Iara, em face das reportagens divulgadas reafirmando a versão de suicídio

(PP. 80-81) 007-iara-processo-lei9140.pdf

Reportagens sobre o pedido de exumação

 

 

(PP. 83-86) 007-iara-processo-lei9140.pdf

Publicação do Diário Oficial

 

Data: 5 de maio de 1998, inclusão de iara na lei 9.140.

(p. 87) 007-iara-processo-lei9140.pdf

Ofício da CEMDP

 

Direcionado ao advogado Greenhalgh pelo deferimento sobre o pedido de exumação.

(p. 88) 007-iara-processo-lei9140.pdf

Deferimento da indenização através da CEMDP

 

Data: 25/8/2005. Família indenizada em 124.590,00

(p. 90) 007-iara-processo-lei9140.pdf

Certidão de Nascimento

 

 

(p. 98) 007-iara-processo-lei9140.pdf

Reportagens

 

Diversas reportagens sobre o período de tentativas da família para saber a verdadeira causa da morte de Iara até a exumação realizada em 2003.

008-reportagens-iara.pdf

 

 

 

  1. Prova pericial e documental (inclusive fotos e vídeos) sobre a morte/desaparecimento

 

Documento

Fonte

Observação

Anexo

Croquis e fotos do Edifício Santa Terezinha

 

Iara foi morta quanto estava no Edifício Santa Terezinha, localizado na Rua Minas Gerais, nº 125. Bairro: Pituba, Salvador-BA. Documento também citado no relatório da Operação Pajussara. Há indicação da banheira onde Iara teria cometido o “suicídio” e indicação de marca da bala.

(PP. 8-23) 007-iara-processo-lei9140.pdf

Fotos de Iara com corpo autopsiado

 

 

(PP. 24-27) 007-iara-processo-lei9140.pdf

Fotos dos pais de Iara reconhecendo o corpo da filha

 

Com o caixão lacrado, os pais de Iara puderam ver somente o rosto da filha

(PP. 28-33) 007-iara-processo-lei9140.pdf

Guia para Exame no morto

IML-BA

 

(PP. 46-47) 007-iara-processo-lei9140.pdf

Exame cadavérico 28/8/1971

IML-BA

 

(PP. 48-52) 007-iara-processo-lei9140.pdf

Parecer criminalístico

 

O perito Celso Nenevê deu parecer com base nas descrições que o Charles Pitex havia descrito

(PP. 56-63) 007-iara-processo-lei9140.pdf

 

 

 

 

3. Testemunhos sobre a prisão, morte/desaparecimento

 

 

Nome

Relação com o morto / desaparecido

Informação

Fonte

Bernadino Furtado Carvalho

 

“O depoente ouviu do médico do Hospital Naval de Salvador, hoje contra-almirante reformado, Lamartine Andrade Lima, que a vítima foi morta a tiros de metralhadora por Rubem Otero, segundo sargento do Corpo de Fuzileiros Navais, um dos encarregados, à época, de “estourar” o apartamento onde Iara Iavelberg vivia em companhia de outras pessoas.   à época . O depoente, quando entrevistou Dr. Lamartine, visando obter informações  sobre o laudo cadavérico de Lamarca, nessa ocasião o médico lhe relatou o seguinte: O sargento Rubem Otero, em consulta médica, em estado grave de saúde, confidenciou-lhe que se encontrava muito angustiado por ser considerado pela sociedade um agente da repressão, sentindo-se discriminado socialmente; nessa oportunidade declarou que participou do cerco ao apartamento de Iara Iavelberg, que quando já se encontrava dentro do apartamento, sem que tivesse encontrado qualquer pessoa, perceberam que a porta de um dos cômodos, se encontrava fechada; o sargento teria disparado uma metralhadora contra essa porta, não tendo havido qualquer reação dentro do referido cômodo, o sargento chutou a porta e ali encontrou uma mulher agonizando; vindo saber mais tarde que se tratava de Iara Iavelberg. O depoente declara que depois de receber essas informações, Foi ao prédio onde ocorreram os fatos para tentar ouvir moradores que ali habitavam à época dos fatos; No entanto, a maioria dessas famílias já não moravam no local. [...] O depoente ouviu de Leônia Cunha, irmã de Lúcia Bernadete Cunha, que era a hospedeira de Iara naquela época, a seguinte informação: a senhora Evandir Rocha, conhecida por Vanda, zeladora do edifício naquela época relatou a Leônia que ouviu Iara gritar que se entregava às forças de repressão, tendo em seguida ouvido os tiros.

(pp. 53-55) 007-iara-processo-lei9140.pdf

Evandir Rocha

Zeladora do edifício Santa Terezinha

“Ouviu Iara gritar que se entregava às forças de repressão, tendo em seguida ouvido os tiros”

(pp. 53-55) 007-iara-processo-lei9140.pdf

 

 

4. Depoimento de agentes da repressão sobre a morte/desaparecimento

 

Nome

Órgão / Função

Informação

Fonte com referências

 

 

 

 

 

OBS: Em anexo cópias de todos os documentos reunidos pela Comissão de Familiares dos Mortos e Desaparecidos Políticos e Comissão da Verdade do Estado de São Paulo “Rubens Paiva”

 

CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES PARA O CASO

Conclusão: Iara foi morta por agentes do CODI/6 de Salvador sendo vítima da Operação Pajussara, organizada por agentes do Rio de Janeiro, São Paulo e Bahia e liderada pelo então major do exército Nilton Cerqueira.

 

Recomendações: Solicitar ao médico Daniel Muñoz o laudo sobre a Iara, pois a Comissão “Rubens Paiva” obteve apenas seu depoimento. Responsabilizar os autores do assassinato de Iara. Identificação dos demais agentes do CODI/6 que participaram da prisão e morte de Iara. Verificar junto à família Iavelberg se há interesse da retificação do atestado de óbito com as informações sobre a morte. Que o Estado brasileiro reconheça publicamente e declare a condição de anistiada política de Iara Iavelberg, pedindo oficialmente perdão pelos atos de exceção e violações de direitos humanos que foram praticados contra essa morta.

 

Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8).

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