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INICIAL DO NOME:

PAULO STUART WRIGHT

OCORRÊNCIA

desaparecido em São Paulo em 01 de setembro de 1973

DADOS PESSOAIS
Filiação: Filiação: Lothan
Data e local de nascimento: 2 de julho de 1933, em Joaçaba (SC)
Profissão: deputado estadual (cassado pela ditadura) pelo Estado de Santa Catarina
Atuação política: Dirigente da Ação Popular Marxista-Leninista (APML)
Data e local da morte/desaparecimento: desaparecido em São Paulo em 01 de setembro de 1973
Organização política: Ação Popular Marxista-Leninista (APML).

Arquivos

RELATO DO CASO

Nasceu em 2 de julho de 1933, em Joaçaba (SC), filho de Lothan Ephair Wright e Maggir Belle Wright. Desaparecido em 1º de setembro de 1973. Dirigente da Ação Popular Marxista-Leninista (APML). Era casado com Edimar Rickli, com quem teve dois filhos, Leila Cristina e João Paulo. Seus pais eram missionários norte-americanos, que vieram morar no Brasil. Paulo formou-se em Sociologia e fez pós-graduação em Los Angeles (EUA). Paulo e sua companheira trabalharam com operários e pescadores.

 

Em 1960, tornou-se secretário regional da União Cristã dos Estudantes do Brasil e dirigiu a Imprensa Oficial de Santa Catarina. Em 1962, foi eleito deputado estadual em Santa Catarina, pelo PSP. Após o golpe de Estado de 1964, foi cassado sob a alegação de “quebra de decoro parlamentar”, por não usar paletó e gravata. Em 1993, a Assembléia Legislativa de Santa Catarina devolveu-lhe o mandato, em uma homenagem post-mortem.

 

Ao ser cassado, exilou-se no México, voltando em 1965. Desde então, viveu clandestino, militando na luta contra a ditadura e passou a atuar na Ação Popular (AP). Segundo documentos dos órgãos de segurança, conforme o livro Direito à Memória e à Verdade, Paulo foi o representante da AP na reunião da Organização Latino-Americana de Solidariedade (OLAS), realizada em Havana, Cuba, de 31 de julho a 10 de agosto de 1967.

 

Foi submetido a vários processos na Justiça Militar. A 8 de março de 1972, Paulo foi julgado pela 1ª Auditoria da 1ª CJM, sendo absolvido. De acordo com o Jornal do Brasil de 9 de março de 1972, estava no processo relacionado à AP, no qual 13 dos 64 acusados foram condenados à prisão. A 14 de março de 1974, quando já estava desaparecido, Paulo foi condenado a cinco anos de prisão pelo Conselho Permanente da 1ª Auditoria da CJM.

 

No início de setembro de 1973, foi seqüestrado pelo II Exército e levado ao DOI-CODI/SP, onde foi morto sob torturas. Sua morte não foi reconhecida e permanece desaparecido desde então (Delora Jan Wright relata que foi dado o nome de Operação Cacau à operação que o prendeu, juntamente com mais 38 militantes da APML espalhados pelo Rio de Janeiro, São Paulo, Recife e Salvador (informação do livro “O Coronel tem um segredo: Paulo Wright não está em Cuba”, p. 103).

 

Seu irmão, reverendo Jaime Wright, já falecido, um dos coordenadores do Projeto Brasil: Nunca Mais – o mais completo levantamento sobre a repressão política da ditadura instaurada em 1964 –, deixou o seguinte depoimento:

 

“O telefone tocou. “Alô?!” Era a voz mansa e inconfundível de Paulo. “Podemos nos encontrar hoje às 14:00h na Praça da Sé?” “Sim.” No esquema combinado, nos encontramos às 15:00h na Praça da República. Eram tempos de ditadura. Clandestinidade. Conversávamos sobre família e, principalmente, teologia. Lembrei-lhe que João Calvino também viveu na clandestinidade, adotando nove codinomes diferentes. Nas lembranças da nossa infância, em Santa Catarina, destacamos a ousadia dos nossos pais, ambos missionários norte-americanos. Tiveram a rara intuição de que seus filhos precisavam estudar na convivência diária com outros brasileiros e não numa escola segregada para americanos em São Paulo. Fundaram uma escola nos salões de madeira da Igreja Presbiteriana de Herval, na margem esquerda do Rio do Peixe (Joaçaba está no outro lado do rio). Sabiam eles os riscos que corríamos estudando e convivendo com os amigos do dia-a-dia. Com descendentes de italianos, alemães e poloneses – além da gente cabocla – aprenderíamos cada palavrão […]. Lembrávamos também a coragem de “Dona Bela”, nossa mãe, que, contrariando a vontade de papai, pegou um trem e viajou até o Rio de Janeiro para buscar recursos para a instalação do primeiro posto de puericultura na região. Sentou-se na sala de espera de Dª Darcy Vargas, presidente da LBA, informando que dali não sairia até ser atendida. Voltou triunfante para casa (o posto funciona até hoje). Exemplos missiológicos assim, fora do seu tempo, contribuíram para torná-lo um leigo cristão irrequieto e inconformado e, sobretudo, corajoso. Estava identificado com os sofrimentos e necessidades do seu povo. Sua preocupação com a condição dos operários levou-o a trabalhar na construção civil em Los Angeles, nas férias dos seus estudos de pós-graduação. Fundou, nos Estados Unidos, um grupo contrário à discriminação racial. Estava fazendo doutorado em Sociologia quando foi convocado para a guerra da Coréia. Fugiu dos Estados Unidos para não perder sua cidadania brasileira. Foi procurado pelo FBI. De volta ao Brasil e casado com Edimar Rickli, engajaram-se num projeto da Igreja Presbiteriana do Brasil nas fábricas paulistas. Fez-se torneiro-mecânico e atuou no bairro operário de Vila Anastácio. Foi golpeado pela morte do seu primeiro filho num hospital do antigo IAPC, quando a criança nasceu desassistida por médicos e enfermeiras. Jurou que iria lutar para que isso não se repetisse na vida de outros operários.

Paulo sempre fez dos seus dias a matéria-prima de suas ações. Voltando a Santa Catarina, ajudou a criar os primeiros sindicatos de Joaçaba, inclusive o dos metalúrgicos. Foi o primeiro candidato protestante à prefeitura. Perdeu por 11 votos. Foi eleito para a Assembléia Legislativa. Denunciou o controle de grupos oligárquicos do estado sobre a pesca. Organizou 27 cooperativas de pescadores em todo o litoral catarinense, reunindo-as, em seguida, numa federação (FECOPESCA) para colocar o controle da pesca nas mãos dos pescadores (o que inspirou Dias Gomes, na primeira novela em cores

da Globo: O Bem Amado). Na véspera do Natal de 1963, sofreu atentado a mando do partido de Adhemar de Barros, mas convenceu o ex-sargento contratado para matá-lo de que tal crime seria contrário aos interesses da sua classe. Tornou-se “bode expiatório” quando, em 1964, a Assembléia Legislativa foi pressionada pelo Regime Militar a cassar alguém “corrupto” e/ou “subversivo”. Acabou sendo cassado por “falta de decoro parlamentar” (não usava gravata e paletó quando subia à tribuna…). Asilou-se no México e voltou um ano depois. Começavam seus dias de atividade subterrânea como líder do movimento Ação Popular, originário dos egressos dos movimentos estudantis cristãos banidos:

Juventude Universitária Católica (JUC) e Associação Cristã de Acadêmicos (ACA). Viveu oito anos na clandestinidade. Nos primeiros dias de setembro de 1973, foi seqüestrado pelo II Exército e levado ao DOI-CODI de São Paulo, onde foi morto por torturas nas primeiras 48 horas do seu cativeiro. Até hoje não se sabe o que fizeram com seus restos mortais. Ruas em quatro capitais ostentam o nome de Paulo Stuart Wright. Na capital do seu estado, todas as Igrejas se fizeram representar na cerimônia de inauguração da rua que passa ao lado da Igreja Metodista, menos a Presbiteriana. Lá, ele tinha sido eleito presbítero. Com o seu ingresso na “política”, a igreja de Florianópolis lhe proibiu de fazer oração e dirigir classe de Escola Dominical. Pelo visto, a anistia ainda não chegou ao presbítero (leigo) que teve a coragem de levar suas convicções cristãs às últimas conseqüências”.

 

Delora Jan Wright, sobrinha de Paulo, filha do irmão Jaime, autora do livro O Coronel Tem um Segredo, Paulo Wright Não Está em Cuba, afirma sobre sua prisão e desaparecimento: “Isso aconteceu em São Paulo, capital, possivelmente nos dias 2, 3 ou 4 de setembro de 1973. Segundo informações de Osvaldo Rocha, dentista, militante político da APML, na ocasião do desaparecimento de Paulo, ambos estavam juntos num trem que ia de São Paulo a Mauá, na grande São Paulo; nessa ocasião, ao terem percebido pessoas ligadas à repressão política, Osvaldo desceu do trem em primeiro lugar e Paulo teria descido em outro ponto. Ao chegar à sua residência, localizada em São Paulo, Osvaldo veio a ser preso por policiais, sendo, em seguida, conduzido às dependências do DOI-CODI (OBAN), onde foi despido e agredido violentamente e, nessa oportunidade, viu no chão a mesma blusa que Paulo usava no trem que os conduzia a Mauá”.

 

O advogado de presos políticos, à época, José Carlos Dias impetrou habeas corpus em favor de Paulo Stuart Wright e Pedro João Tinn, nome falso que usava.  Dias, então membro da Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo, apresentou ao STM declarações de uma testemunha, Maria Diva de Farias, que esteve com Paulo na sala de identificação do DOI-CODI/SP. Mas as autoridades negaram sua prisão.

 

Sua família apelou ao Departamento de Estado e ao Senado norte-americanos, uma vez que Paulo Stuart Wright tinha dupla cidadania. Igrejas, advogados, movimentos internacionais de direitos humanos, imprensa de outros países denunciaram o desaparecimento de Paulo Wright, sem nenhum resultado.

 

Delora Jan Wright em seu livro narra toda a luta familiar em busca de informações sobre Paulo Stuart Wright, conforme documentos em anexo.

 

Elzira Vilela em audiência realizada pela Comissão Estadual da Verdade de São Paulo em 26 de fevereiro de 2013 declarou que: “Então, eu acredito que o Paulo não tenha sido exterminado, não tenha morrido na Operação Bandeirantes. Eu acho que levaram para alguma casa, 31 de março ou para outra casa de extermínio, porque nenhum de nós viu, a não ser esse relato que vou ler agora, que é do Osvaldo Rocha, que entrei em contato com ele e ele me mandou o relato e pediu que eu lesse nesta audiência. Esse é o relato do Osvaldo Rocha, companheiro nosso. Trata-se de relato sobre Paulo Stuart Wright. Os primeiros dias de setembro de 1973, após retornarmos de um encontro da coordenação nacional provisória da AP, realizado no Rio de Janeiro, e de regresso a São Paulo, dirigi-me, às 13h30min do dia 4 de setembro à estação ferroviária da Barra Funda para um ponto marcado com Paulo Stuart Wright. Exatamente no horário e na referida estação, aproxima-se o estudante Pedro Calmon, esclarecendo que teria estado com Paulo pela manhã e tendo manifestado a ele que precisava encontrar urgentemente comigo, o mesmo teria repassado a ele o referido ponto, devendo ele, Pedro, esclarecer-me qual o motivo da urgência. Paulo atrasaria por 20 minutos, o tempo suficiente para Pedro Calmon expor seus motivos, o que, de fato, terminou ocorrendo. Imediatamente após, tomamos, os três, um trem em direção a São Caetano. Tão logo o trem partiu, notei que nós éramos observados por três elementos, que se colocaram à nossa frente, e chamei a atenção de Paulo Wright, que se posicionara entre Pedro e eu. Em função de tal suspeição, suspendemos o ponto, sendo que Paulo recomendara que eu fosse o primeiro a descer, na próxima estação, a do Ipiranga. Depois de minha descida, e tomando várias precauções, dirigi-me à minha residência, onde tão logo cheguei, fui preso. Por volta das 15h30min dava entrada na Operação Bandeirantes. Posteriormente foi esclarecido que Pedro Calmon teria sido preso no dia 3 de setembro, ou seja, no dia anterior ao nosso encontro, e que aproveitara aquele encontro para nos entregar à repressão.O certo era que na Operação Bandeirantes, diante das circunstâncias de tortura, perdi a noção do tempo, mas imagino que após três ou quatro dias, após uma sessão de tortura, encontrava-me despido e molhado, e vejo que no canto da sala de interrogatório encontrava-se um blusão de frio azul, formato, tamanho e textura do mesmo que Paulo costumeiramente usava, e carregava consigo durante nosso encontro. Cheguei a colocá-lo sobre minha cabeça e levando para o xadrez 5, onde me encontrava. Alguns dias após, quando fui levado para uma sala onde os enfermeiros me fizeram uma injeção, observei uma tabuleta que continha os nomes de alguns presos e respectivas prescrições, como Elisabete Ormano, Maria Regina, soro, Paulo Wright, colírio, abaixo meu nome contendo antibiótico. Ora, se a repressão, ao efetuar minha prisão já sabia quem eu era, meu papel na organização, inclusive minha ligação com o Paulo Wright e Jair Ferreira de Sá, sabia que eu era responsável pelos pontos e senhas dos diversos estados, e foi sobre isso que concentrou toda a sua tortura a mim e sobre o paradeiro de Jair. E em nenhum momento questionou-me sobre Paulo Stuart Wright e Pedro Calmon, o que se depreende, já que Pedro Calmon foi livre ao negociar com os aparelhos repressivos. Tal denúncia eu fiz ser documentada junto à auditoria militar em São Paulo por ocasião do meu julgamento”.

 

Anivaldo Padilha na audiência realizada pela Comissão Estadual da Verdade de São Paulo em 26 de fevereiro de 2013 declarou que: “Eu me lembro que no começo de setembro [de 1973] eu recebo um telegrama. Tinha um americano, ex-missionário aqui no Brasil que servia de ponte de contato entre, que eu usava como contato para não receber correspondência, nada diretamente para mim, mas ele me telefonou quase uma da manhã e falou: acabou de chegar um telegrama do Brasil. Se chegou agora, deve ser algo importante. Ele não falava português mais, estava bem velhinho, tinha vivido aqui lá pelos anos 1950, e isso foi em 1973, e ele falou para eu ir lá. A mensagem era muito simples: João sofreu um acidente, está hospitalizado em São Paulo. Esse era um código que a gente usava para comunicar que as pessoas tinham sido presas. Eu tinha montado um esquema lá nos Estados Unidos de acionar um sistema de pressão, de várias personalidades, que quando acontecia esse tipo de prisão, acionava o Departamento de Estado e fazia pressão no Governo Americano para interferir”.

 

A denúncia de seu desaparecimento provocou a instauração do caso 1.789 na Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA. A comunicação do caso chegou à CIDH em 30 de outubro de 1973, acusando a ocorrência de sua prisão arbitrária em setembro daquele ano. Em maio de 1975, durante a 35ª sessão da CIDH, decidiu-se pela não continuidade do processo, em razão da falta de informações que deveriam ter sido fornecidas pelo governo brasileiro.

 

Ainda em 1973, sua morte foi denunciada por meio da apelação 40.617 perante a Justiça Militar pelos presos políticos Beatriz do Valle Bargieri e Otto José Mattos Filgueiras.

 

Em 29 de junho de 1974, foi publicada uma nota oficial do MDB, no jornal Diário de Brasília, indagando do governo o destino de 11 presos políticos desaparecidos, entre os quais Paulo. Seu nome figurou na nota do ministro da Justiça, Armando Falcão, de fevereiro de 1975, em que é dado como foragido.

 

Em 1991, com a abertura dos arquivos do DOPS/PR, durante o governo de Roberto Requião, foi encontrada uma ficha com o nome de Paulo Stuart Wright, com mais 16 nomes, em uma gaveta com a inscrição “falecidos.

 

A revista IstoÉ, de 24 de março de 2004, na matéria de título “Os Matadores”, publicou o seguinte a seu respeito:

 

“Comandando uma rede de informantes do CIE, Doutor César [coronel reformado José Brant] e Doutor Pablo [coronel Paulo Malhães], segundo [o ex-sargento do DOI-CODI/SP] Marival [Chaves do Canto], também foram responsáveis pelo planejamento e execução de uma megaoperação em inúmeros pontos do País para liquidar, a partir de 1973, os militantes das várias tendências da Ação Popular (AP), movimento de esquerda ligado à Igreja Católica. Segundo o ex-agente, entre os mortos estão Fernando

Santa Cruz Oliveira, Paulo Stuart Wright, Eduardo Collier Filho e Honestino Monteiro Guimarães, militantes da Ação Popular Marxista-Leninista (APML) […]. Irmão do reverendo Jaime Wright, Paulo Stuart foi preso e morto em São Paulo, em 1973. Os demais militantes também tombaram naquele ano e em 1974, no Rio”.

 

O nome de Paulo consta da lista de desaparecidos políticos do anexo I, da lei 9.140/95. Seu caso foi protocolado com o número 076/96, na CEMDP.

 

A Comissão da Verdade do Estado de São Paulo fez a 12ª audiência pública sobre o caso no dia 26 de fevereiro de 2013. (ver transcrição em anexo)

 

Fontes investigadas:

 

Conclusões da CEMDP (Direito à Memória e à Verdade); Dossiê Ditadura – Mortos e Desaparecidos Políticos no Brasil – 1964-1985, IEVE; O Coronel tem um segredo: Paulo Wright não está em Cuba/ Delora Jan Wright. Petrópolis, RJ: Vozes, 1993; Contribuição da Comissão da Verdade do Estado de São Paulo: 12ª audiência pública sobre o caso de Paulo Stuart Wright, realizada no dia 26/02/2013.

IDENTIFICAÇÃO DOS AUTORES DA MORTE\DESAPARECIMENTO

Órgão / Período

Nome

Função

conduta

Vivo/data do óbito

Observações

DOI-CODI II Exército-SP

Carlos Alberto Brilhante Ustra

Comandante

Prisão, tortura, assassinato e ocultamento de cadáver

Vivo

 

CODI/GB - 1972

José Brant Teixeira (Doutor César)

 

 

Coronel do Exército

 

Vivo

 

A revista IstoÉ, de 24 de março de 2004, publicou matéria com o título de “Os Matadores”, que cita Honestino: “Comandando uma rede de informantes do CIE, Doutor César [coronel José BrantTeixeira] e Doutor Pablo [coronel Paulo Malhães], segundo [o ex-sargento doDOI-CODI/SP] Marival [Chaves do Canto], também foram responsáveis pelo planejamento e execução de uma megaoperação em inúmeros pontos do País para liquidar, a partir de 1973, os militantes das várias tendências da Ação Popular (AP), movimento de esquerda ligado à Igreja Católica. Segundo o ex-agente, entre os mortos estão Fernando Santa Cruz Oliveira, Paulo Stuart Wright, Eduardo Collier Filho e Honestino Monteiro Guimarães, militantes da Ação Popular Marxista-Leninista (APML) […].Irmão do reverendo Jaime Wright, Paulo Stuart foi preso e morto em São Paulo, em 1973. Os demais militantes também tombaram naquele ano e em 1974, no Rio”.

 

CODI/GB

 

Paulo Malhães (Doutor Pablo)

Coronel do Exército

 

Morto

(25/04/2014)

A revista IstoÉ, de 24 de março de 2004, publicou matéria com o título de “Os Matadores”, que cita Honestino: “Comandando uma rede de informantes do CIE, Doutor César [coronel José BrantTeixeira] e Doutor Pablo [coronel Paulo Malhães], segundo [o ex-sargento doDOI-CODI/SP] Marival [Chaves do Canto], também foram responsáveis pelo planejamento e execução de uma megaoperação em inúmeros pontos do País para liquidar, a partir de 1973, os militantes das várias tendências da Ação Popular (AP), movimento de esquerda ligado à Igreja Católica. Segundo o ex-agente, entre os mortos estão Fernando Santa Cruz Oliveira, Paulo Stuart Wright, Eduardo Collier Filho e Honestino Monteiro Guimarães, militantes da Ação Popular Marxista-Leninista (APML) […].Irmão do reverendo Jaime Wright, Paulo Stuart foi preso e morto em São Paulo, em 1973. Os demais militantes também tombaram naquele ano e em 1974, no Rio”.

 

DOI-CODI II Exército-SP

MARIVAL CHAVES DIAS DO CANTO

Sargento à época. Segundo ele, trabalhava no setor de análise do DOI-Codi do II Exército – SP.

 

 

Vivo

 

A revista IstoÉ, de 24 de março de 2004, publicou matéria com o título de “Os Matadores”, que cita Honestino: “Comandando uma rede de informantes do CIE, Doutor César [coronel José BrantTeixeira] e Doutor Pablo [coronel Paulo Malhães], segundo [o ex-sargento doDOI-CODI/SP] Marival [Chaves do Canto], também foram responsáveis pelo planejamento e execução de uma megaoperação em inúmeros pontos do País para liquidar, a partir de 1973, os militantes das várias tendências da Ação Popular (AP), movimento de esquerda ligado à Igreja Católica. Segundo o ex-agente, entre os mortos estão Fernando Santa Cruz Oliveira, Paulo Stuart Wright, Eduardo Collier Filho e Honestino Monteiro Guimarães, militantes da Ação Popular Marxista-Leninista (APML) […].Irmão do reverendo Jaime Wright, Paulo Stuart foi preso e morto em São Paulo, em 1973. Os demais militantes também tombaram naquele ano e em 1974, no Rio”.

 

 

DOCUMENTOS CONSULTADOS

  1. Documentação principal

 

 

Identificação do documento

Órgão da repressão

Observações

Anexo

Foto vivo

 

 

001-foto-vivo.pdf

Dossiê da Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos

 

Documento encaminhado à Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos por João Paulo Wright

002-dossie-cemdp.pdf

Certidão de óbito

 

Consta que o assento foi lavrado de acordo com a Lei 9140/95

002-dossie-cemdp.pdf (página 15 do anexo)

Termo de declarações de Delora Jan Wright

 

Narra as circunstâncias da morte de Paulo Stuart Wright, a luta dos familiares pelo esclarecimento dos fatos.

002-dossie-cemdp.pdf (páginas 47 e 48 do anexo)

Paulo Stuart Wright – deputado catarinense desaparecido

 

Dossiê sobre Paulo Stuart Wright

003-PSW-deputado-catarinense-desaparecido.pdf

Momento – uma publicação da ANABB – ano I, nº 5, set/outubro de 1995

 

Paulo Stuart Wright – deputado catarinense desaparecido. Organização: Coletivo Catarinense Memória Verdade e Justiça. Fevereiro de 2012.

004-publicacao-ANABB.pdf

WRIGHT, Delora Jan. O Coronel tem um segredo; Paulo Wright não está em Cuba.  Petrópolis, RJ: Vozes, 1993

 

Capítulo do livro publicado pela sobrinha de Paulo Stuart Wright (páginas 106-118).

006-livro-o-cel-tem-um-segredo.pdf

Roteiro do filme Cidadão Wright: uma história de luta, perseguição e morte na ditadura militar do Brasil

 

 

005-roteiro-filme-cidadao-wright.pdf

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

2. Prova pericial e documental (inclusive fotos e vídeos) sobre a morte/desaparecimento

 

Documento

Fonte

Observação

Anexo

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

3. Testemunhos sobre a prisão, morte/desaparecimento

 

 

Nome

Relação com o morto / desaparecido

Informação

Fonte

Osvaldo Rocha

Militante político

Estava junto com Paulo Stuart Wright no momento de sua prisão

Dossiê, p. 457

Maria Diva de Farias

Ex-presa política

Esteve com Paulo Stuart Wright na sala de identificação do DOI-CODI/SP

Dossiê, p. 457

 

 

4. Depoimento de agentes da repressão sobre a morte/desaparecimento

 

Nome

Órgão / Função

Informação

Fonte com referências

 MARIVAL CHAVES DIAS DO CANTO

 

 

Sargento à época. Segundo ele, trabalhava no setor de análise do DOI-Codi do II Exército – SP.

 

A revista IstoÉ, de 24 de março de 2004, publicou matéria com o título de “Os Matadores”, que cita Honestino: “Comandando uma rede de informantes do CIE, Doutor César [coronel José Brant Teixeira] e Doutor Pablo [coronel Paulo Malhães], segundo [o ex-sargento doDOI-CODI/SP] Marival [Chaves do Canto], também foram responsáveis pelo planejamento e execução de uma megaoperação em inúmeros pontos do País para liquidar, a partir de 1973, os militantes das várias tendências da Ação Popular (AP), movimento de esquerda ligado à Igreja Católica. Segundo o ex-agente, entre os mortos estão Fernando Santa Cruz Oliveira, Paulo Stuart Wright, Eduardo Collier Filho e Honestino Monteiro Guimarães, militantes da Ação Popular Marxista-Leninista (APML) […].Irmão do reverendo Jaime Wright, Paulo Stuart foi preso e morto em São Paulo, em 1973. Os demais militantes também tombaram naquele ano e em 1974, no Rio”.

 

Dossiê, p. 569

 

OBS: Em anexo cópias de todos os documentos reunidos pela Comissão de Familiares dos Mortos e Desaparecidos Políticos e Comissão da Verdade do Estado de São Paulo “Rubens Paiva”

 

CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES PARA O CASO

Conclusão: Paulo Stuart Wright é considerado desaparecido político, por não ter sido entregue os restos mortais aos seus familiares, não permitindo o seu sepultamento até os dias de hoje. Conforme o exposto no parágrafo 103 da Sentença da Corte Interamericana no Caso Gomes Lund e outros: “adicionalmente, no Direito Internacional, a jurisprudência deste Tribunal foi precursora da consolidação de uma perspectiva abrangente da gravidade e do caráter continuado ou permanente da figura do desaparecimento forçado de pessoas, na qual o ato de desaparecimento e sua execução se iniciam com a privação da liberdade da pessoa e a subseqüente falta de informação sobre seu destino, e permanece enquanto não se conheça o paradeiro da pessoa desaparecida e se determine com certeza sua identidade (...)”.

No parágrafo 110 do mesmo documento é mencionado que: “(...) pode-se concluir que os atos que constituem o desaparecimento forçado têm caráter permanente e que suas conseqüências acarretam uma pluriofensividade aos direitos das pessoas reconhecidos na Convenção Americana, enquanto não se conheça o paradeiro da vítima ou se encontrem seus restos, motivo pelo qual os Estados têm o dever correlato de investigar e, eventualmente, punir os responsáveis, conforme as obrigações decorrentes da Convenção Americana”.  (Sentença da Corte Interamericana, p. 38 e 41, publicação da Comissão Estadual da Verdade de São Paulo).

Recomendações: Investigação das circunstâncias da prisão, morte e desaparecimento de Paulo Stuart Wright; localização dos restos mortais, responsabilização dos agentes da repressão envolvidos no caso, retificação do atestado de óbito; que o Estado brasileiro reconheça e declare a condição de anistiado político de Paulo Stuart Wright, pedindo oficialmente perdão pelos atos de exceção e violações de direitos humanos que foram praticados contra esse desaparecido político.

Ação Popular Marxista-Leninista (APML).

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